segunda-feira, 15 de março de 2010

A banca emitida em amor e dor

Ironicamente vejo tudo o que aconteceu entre as flores e as chuvas dessas ultimas quatro estações. Entre os pingos de chuva sobre o solo frio do casino, de onde perdi todos os meus bens. Do casino onde deixei meu coração.
Oras, pra que ser tão realista, e contar a historia do final ao começo. De tudo e mais doloroso. A cada declaração, a cada aposta, a cada palpitação do meu coração que fico exposto sobre seu jogo. Roubado por suas cartas. Vendido por migalhas. Perdido em noites ao relento.
No começo só era um olhar nos seus olhos, vendo suas cartas brincando com tudo. Vendo ate onde você poderia chegar, ate onde seu coração poderia chegar. Agir com a mentalidade de um velho de mil anos em um corpo de um jovem sem barba, sem modos, sem medo, SEM MEDO. Ah perigo que me fazia bem. A cada lança, a cada música, a cada olhar, a cada cochicho em seu ouvido. Vendo seus delírios. Vendo seus suspiros. Com minhas cartas na mesa, com meu jogo embaralhado. Somente para você fui um astro, fui um gênio. Pensei em cada detalhe das flores jogadas ao chão. Ao cigarro em minha mão. Ate as batidas do seu coração. O vento que escutava com medo. Ate mesmo o final daquele escuro quarteirão. Tudo era pensado. Antecipado. Imaginado.
Mas não era bem assim. Eu não era um simples jogador nesses jogos de amor. Ou melhor, em todos os jogos a banca sempre vence. Diariamente o jogo foi virando cedendo, meu coração palpitando, meu pensamento corria entre seus cabelos e seus lábios. Suas músicas faziam-me suspirar. Suas estórias faziam-me pensar... E como eu pensava... A coragem virou medo. O perigo mudou de lado. As coisas ficaram mais escuras. O abismo desse jogo foi cedendo, o vinho acabando, as canções surgindo, a lua desaparecendo, meu dia morrendo, à noite durando e seus beijos me tirando a concentração de tudo. As minhas cartas, dos meus pontos, do meu mundo. Fui um tolo. Não esperei mais nada.
A minha razão que sempre esta acima de tudo. Meu conhecimento. Minha experiência. Tudo ficou branco! Mas como? Depois de tantas? Tornei-me um garoto de 13 anos. Louco. Agindo por emoções. Tomando vinho sem sentido de horas, sem ver as argumentações de pensamentos, sem sentir o que você sentia. Tudo em mim foi consumido. E quando vi estava ali, com minhas cartas abaixadas, te perdendo por agir sem pensar. Sendo derrotado por mim mesmo. O casino escuro ecoava suas musicas. O vento trazia seu cheiro. Viciei-me. Tentei erguer-me. Recebi conselhos de todos, para tentar sair de dentro de um abismo que me deixava louco. Faminto, alucinado. ...
Quanto mais eu perdia mais eu apostava, sem limites sem desculpas. Sem meus próprios conselhos. A cada canção o premio se distanciava mais. A cada passo em falso perdia mais bens, mais olhares, mais respirações, mais vida. A cada dia sentia-me mais viciado. Os vinhos não saciavam mais minha cede. As nuvens não tinham desenhos lindos o bastante. A noite não era mais tão longa (...) Os meses foram passando, as calçadas da vida me apoiando. A cada embriagues de espírito, a cada indecisão, nesse jogo que só me trouxe vício, fome, amor, decepção. Aos poucos fui pesando mais. Dali, vendo o mundo ficar parado, pequeno, vendo meu viver ser vivido por outras pessoas.
Decidi me tratar. Fui ao mar, mergulhei. Tratei-me aos poucos do casinoo. Da sua banca. O seu jogo foi se afastando. Meu vício diminuindo. Meu mundo ficando amplo. Recuperei meus bens. Voltei. Mais a verdade é: Uma vez viciado sempre viciado!
Abri um casino ao lado do seu. Aprendi com meus erros. Consumir-me mais.
Realmente minha melhor escolha foi abrir um casino ao lado do seu e agora meu bem, eu sou A banca aposte o que você quiser: Seus bens, suas roupas, seu coração. Não precisa ter medo, coisa que eu nunca tive. Perigo é perigo. Sem termo de devolução!

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